quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Boca do Rio tem bibliotecas comunitárias


Uma pequena placa identifica o lugar. Quando adentramos o espaço, uma casa localizada à rua Tenente Gustavo dos Santos, 38, no bairro da Boca do Rio, o que observamos são mais de 2 mil livros, alguns embalados em caixas de papelão espalhadas pelo chão, outros tantos acomodados em uma estante vermelha.

Essa é a situação das bibliotecas comunitárias Betty Coelho e Prometeu Itinerante. A falta de patrocínio e de políticas públicas específicas impediu a comunidade de ter acesso aos livros do acervo durante oito meses, tempo em que o espaço ficou fechado.


De acordo com o poeta Douglas de Almeida, um dos coordenadores das duas bibliotecas, a batalha que perdura até hoje parece não ter fim. “Nós não podíamos ficar parados, pois temos os livros e as demandas, por isso preferimos reabrir aqui. Estamos funcionando nesse local desde abril deste ano”, afirma.

A capital baiana possui atualmente seis bibliotecas públicas, sendo que cinco são do Estado e uma da Prefeitura. Kilma Alves, coordenadora das bibliotecas públicas de Salvador, afirma que a falta de espaços culturais como os da Betty Coelho e da Prometeu Itinerante contribuem para que os soteropolitanos leiam cada vez menos. “Realmente, é muito complicado, já que Salvador carece de bibliotecas”, diz.

Histórico

Fundada em 1994, a biblioteca Prometeu Itinerante tem livros para jovens e adultos. Dez anos depois, com o objetivo de suprir a demanda do bairro, surgiu a Betty Coelho, um espaço voltado para o público infantil.

De acordo com Douglas (foto abaixo), as bibliotecas comunitárias têm como propósito preencher as lacunas que as bibliotecas públicas deixam abertas. “A função da Betty e da Prometeu é possibilitar o acesso aos livros. É papel do Estado cuidar dos aparelhos deles e apoiar as bibliotecas que já existem”, opina.

Segundo ele, a crise financeira que interrompeu as atividades teve início depois do vencimento de um contrato firmado entre a Petrobras e as bibliotecas. “Depois que o contrato terminou, pedimos a renovação e eles levaram seis meses para responder que não iriam renovar”, conta.

Para Douglas, é preciso que o governo do Estado apoie as iniciativas e manifestações culturais nascidas do povo. O esforço para manter o espaço funcionando e a preocupação com os leitores, principalmente os infanto-juvenis, são constantes.

Incentivo

“Nós fazemos contação de histórias, recitais de poesias. Geralmente a recepção é a melhor possível, pois é uma forma de incentivar a leitura. Não é só contar a história, existe uma metodologia por trás disso”, Jeane Sanches (foto ao lado), uma das fundadoras e responsável pela Betty Coelho.

Esta biblioteca recebeu o prêmio Ponto de Leitura Machado de Assis, do Ministério da Cultura (Minc). Os Pontos de Leitura são iniciativas e projetos de incentivo à leitura em diversos locais, como bibliotecas comunitárias, hospitais, sindicatos, presídios, associações comunitárias, entre outros. A Betty Coelho recebeu R$ 20 mil em acervo de 650 livros, computador, mobiliário e pufes.

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     Fotos: Sara Gomes


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